Volto aos
temas corporativos, vez por outra presentes aqui no blog, sempre com o objetivo
de realçar boas ideias e bons exemplos que evidenciem a importância de aspectos
mais sutis no contexto organizacional, em especial do capital humano,
notadamente quando se atenta para o olhar e a experiência do consumidor, como é
o caso da publicação que selecionei para hoje.
Trata-se
do interessante artigo que reproduzo abaixo, de Patrick Pedreira,
publicado semana passada no LindedIn, mostrando a maneira como a
Disney enxerga os seus colaboradores, como recruta, contrata e ambienta
os seus talentos e, ainda, como preserva uma cultura que é marca do seu criador,
Walt Disney – e que se fortalece com o passar do tempo.
Vale
registrar que o sucesso das corporações Disney chama a atenção de empresários e
executivos há várias décadas. Por conta disso, muitas missões empresariais
brasileiras têm buscado conhecer o segredo desse fenômeno corporativo
norte-americano, seja o seu jeito de encantar os clientes, sua face mais
visível, seja o seu modelo de liderança, de gerenciar processos, entre outros
diferenciais da sua gestão.
Exemplos
como esses precisam ser lidos e compreendidos, na expectativa de que inspirem
muitas organizações mundo afora a aprimorar suas políticas e suas práticas de
gestão de pessoas para que possam, verdadeiramente, valorizar os talentos
humanos, reconhecendo-os como fator diferencial para o êxito (e a sustentação)
do negócio. Isso ganha ainda mais relevância quando está em jogo a prestação de
serviços diretamente ao público. Portanto, que tirem bons insights e o
melhor proveito desse case de sucesso!
Ontem,
fazendo uma viagem de avião entre os estados de São Paulo e Bahia, durante as
“longas” horas de viagem (conexões, espera em aeroportos), um assunto veio à
minha cabeça: a já tão conhecida experiência do
consumidor.
Faço esse
trajeto já há alguns anos e já tive a oportunidade de experimentar os serviços
de algumas companhias aéreas (atuais e outras que já deixaram de existir ou não
oferecem mais o serviço) e, dentre essas companhias algumas nos deixam muito
satisfeitos e outras nem tanto.
E o que gera essa satisfação em mim e nos outros consumidores é a experiência positiva que essas empresas proporcionam.
Experiência
que vai desde os serviços oferecidos, preços, habilidades de lidar com os
problemas e, sobretudo, a forma como seus funcionários tratam os clientes (pois
eles são o “carro-chefe” da empresa).
Daí
lembrei de uma empresa que é bastante famosa por proporcionar aos seus clientes
uma das melhores experiências da sua vida: a Disney. Mais do que serviços a
Disney oferece a seus clientes a realização de um sonho e é, por isso, que esse
é o sonho de muitas crianças e pais ao longo de “intermináveis”
gerações.
E quando
você procura entender sobre como a Disney consegue proporcionar uma experiência
(sonho) inesquecível a seus clientes (sonhadores) a chave do seu sucesso está
justamente na criteriosa seleção daqueles que são a linha de frente da empresa:
os seus funcionários.
Desde a
fundação da empresa o seu dono, Walt Disney, percebeu que contratar funcionários
“terceirizados” para desempenhar funções, ainda que não diretamente ligadas ao
consumidor, tais como seguranças ou mesmo responsáveis pelos estacionamentos, é
na verdade um grande erro.
Não porque eles não fossem competentes, mas porque eles, por não terem uma ligação direta (de “corpo e alma”) com a empresa, não poderiam oferecer aquilo que é um dos focos da Disney: a hospitalidade.
E isso é
realmente uma verdade, vejo pelas minhas próprias experiências do dia a dia.
Quando não há hospitalidade por parte de uma empresa e de seus funcionários a
experiência do consumidor fica prejudicada e, por melhor que seja o serviço, é
complicado querer usá-lo novamente.
Na Disney
o recrutamento de qualidade de funcionários (não só por competências) é algo
fundamental. E o mais importante é que as pessoas contratadas absorvam,
vivenciem e exerçam a cultura da empresa.
Neste aspecto a contratação não é feita por aptidão e sim por atitude.
Para
cumprir essa meta eles possuem o Instituto Disney, uma espécie de universidade
por onde todos os futuros funcionários devem passar algum tempo, de forma a
assimilar essa cultura da hospitalidade. Isso ajuda a construir um
grupo de funcionários unificados e que sejam a cara da empresa.
A única
forma de conseguir os resultados esperados é quando se contrata funcionários que
compreendam e transmitam as crenças e os valores da empresa. O próprio Walt
Disney dizia aos seguranças da empresa que eles não deviam se considerar
policiais e sim como pessoas que ali estavam para ajudar os convidados. Observe
que a própria maneira de encarar as pessoas como convidados e não como clientes
já faz toda diferença dentro de uma empresa.
O processo de seleção de funcionários para a empresa começa tendo como base uma comunicação direta (empresa X expectativas X funcionário).
O
processo de recrutamento da Disney contrata alguém para seu elenco não apenas
para executar um trabalho, a pessoa é contratada para fazer e se sentir parte de
um “show”. Este processo começa com apresentação da chamada “cultura
Disney”.
Exibe-se
um filme mostrando como é trabalhar por lá, quais são as condições de emprego e
as expectativas da empresa. A ideia é que aqueles que sentirem que não se
adaptarão àquele cenário já possam se auto excluir do processo de seleção (a
Disney pode não ser a coisa certa para eles). Não adianta seguir com aqueles que
não se identificarem com o modo Disney de ser, afinal, isso terá
reflexos diretos na forma como os clientes serão impactados e na própria
felicidade do funcionário.
Uma vez
que esteja contratado o funcionário é treinado para o sucesso. Independente da
função todos são treinados, inicialmente, da mesma forma e juntos num mesmo
ambiente (não importa se é alguém que exercerá um cargo de gerência ou que terá
funções de limpeza).
O importante é que todos compreendam os propósitos da empresa e sua cultura de hospitalidade junto aos convidados (clientes).
Isso
ajuda a fazer com que esses funcionários se sintam conectados à empresa e aos
seus empregos. Uma vez que todos tenham entendido a forma tradicional de
trabalho da Disney, estão prontos para os treinamentos individualizados,
inerentes às funções que serão exercidas.
Funcionários treinados e, acima de tudo, satisfeitos é o que garante o sucesso da empresa.
São esses
funcionários que representam a empresa junto aos clientes e se não estiverem
satisfeitos, dificilmente, serão capazes de tornar os visitantes felizes. A
valorização dos funcionários é também outro pilar deste sucesso. Funcionários
verdadeiramente valorizados em seus trabalhos, compreendendo o que se espera
deles e que se sentem como protagonistas, contribuindo para o sucesso da
empresa, vão com toda a certeza entregar um ótimo serviço.
Deste
modo, a Disney procura deixar claro para seus funcionários como seu trabalho
contribui para os objetivos da organização. Isso funciona para todos nós, não é
mesmo? Nos sentimos melhores em nossos empregos quando também nos sentimos úteis
e valorizados.
A Disney mede e compartilha o sucesso dos seus funcionários.
Placas
com os funcionários destaques são exibidas e, além disso, esses destaques
concorrem a prêmios mensais. E para a empresa, uma das melhores maneiras de
valorizar seus funcionários é escutando o que eles têm a dizer. Os funcionários
podem emitir suas opiniões e essas são usadas para melhorar a empresa (não
adianta apenas escutá-los), trata-se de um processo de construção de
relacionamentos que é fundamental.
Como dizia o próprio Walt Disney “Você nunca sabe de onde virá próxima grande ideia”.
Uma
atitude bastante interessante é que eles publicam as sugestões dos funcionários,
disponibilizando o status (resposta da empresa). Além disso, os funcionários
participam anonimamente de pesquisas de satisfação. Para a Disney seus
funcionários são a linha de frente da empresa. Coordenar esses funcionários e
incentivá-los nas suas funções é o que permite a empresa ser um sucesso há
tantos anos, atingindo de forma eficaz seus objetivos, sem perder suas
tradições, mas mantendo altos padrões de qualidade e valores
compartilhados.
Creio que
muitas empresas poderiam adotar esse jeito Disney de ser, nós consumidores
ficaríamos muito mais satisfeitos.
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