“… – Quando a neve cair, vou estar com você… E quando a neve se for, vou lembrar de você… Faça chuva ou sol, vou sorrir ao pensar… Que a levo em meu coração…”
Jogando
Xadrez com os Anjos conta a estória de Anny, uma garotinha de oito anos
que vive abandonada pelos pais. Passa os dias com a empregada e só vê mesmo seus
pais aos sábados, quando eles voltam para casa. O livro passa na Inglaterra, no
período pós 2° guerra mundial, então o mundo ainda está abalado e assustado com
tudo. Anny nunca saiu de casa. Seus pais tem uma profissão meio
suspeita que só deve ser revelada no final. Até que eles recebem uma
proposta irrecusável e tem que ir embora por um ano e Anny vai viver com a velha
vizinha, que a ensinava alguns dias por semana, levando apenas umas poucas
roupas e o jogo de Xadrez que ganhou do pai. A dona Jane é uma bruxa em
forma de ser humano e seu marido Hermes fecha os olhos para
tudo.
Anny
começa a passar por um período ainda mais difícil em sua vida. Sem família, sem
amigos, sem amor. Ela descobre que existe um lugar em que pode fugir da
realidade: nos sonhos. E é lá que ela conhece o Reino Xadrez. Onde
tudo é perfeito e onde tudo muda conforme os sentimentos da garotinha. Os
sentimentos e desejos de Anny são profundos. As palavras dela são intensas. E
acho que foi isso que logo me ‘barrou’ na leitura: não consegui
visualizar a personagem. A linguagem extremamente rebuscada, os
sentimentos adultos e atitudes maduras não combinam com uma menina de 8 anos.
Acho que independentemente de época, uma criança de 8 anos não tem tanta atitude
como Anny tem. (ou tem, posso estar erada).
Anny é
meiga, ama a todos e aprendeu a ter fé. E acho que é esse o ponto
principal do livro. A fé dela é tão imensa que ofusca. Ela crê que apesar
de tanto sofrimento pelo qual ela passa, tudo ficará bem. Ela crê que pode fazer
uma flor brotar, que a senhora Jane pode vir a ser boa um dia, que Deus manda
anjos até ela sempre. E assim que ela conhece Pepeu, um jovem rapaz
que vai visitá-la até aquela casa porque seu coração o mandou ir até lá, ela
acha que ele é um anjo. E que todas as poucas pessoas que são boas com
ela, são anjos. Quando li os pensamentos de Anny, senti que a minha fé é muito
menos que um grão de mostarda. E ver tamanha crença retratada em uma criança é
uma inspiração a todos.
“Ir atrás de tudo o que se quer, é ir atrás do Papai do Céu. Lá vive Ele, junto de nossos sonhos. Se não arriscarmos, Ele permanecerá sempre distante – completou a menina que muito entendia sobre os sonhos.”
Mas achei
as reflexões sobre a vida, os momentos, o valor das coisas e tudo o que a
pequena Anny pensava, muito maçante. A autora se arrastou demais nisso e eu
travei. O livro é narrado em terceira pessoa e mesmo assim não
consegui ‘enxergar’ a Anny. A garota falava de um jeito tão doce, que por
muitas vezes, se tornou enjoativo e eu não consegui avançar na leitura. Por mais
que eu quizesse saber mais sobre o misterioso trabalho dos pais e todo os
suspense ao redor disto, e realmente conhecer o desfecho de Pepeu, isso não
foram motivos suficientes para dar continuidade à leitura.
É claro
que no livro tem momentos mágicos, belas frases e ótimos ensinamentos. A Fabiane
Ribeiro tem uma escrita sensível e muitas vezes toca na alma do leitor. Talvez
eu não estivesse no clima para lê-lo ou talvez eu apenas não gostei e pronto. O
livro não é ruim de todo. Só que para mim, não rolou, infelizmente. Apesar de
amar romances de época, esse não entra na lista. Mas a capa está espetacular!
Enfim, deem uma chance. Quem sabe você se surpreenda?
Autora: Fabiane
Ribeiro
Editora: Universo
dos Livros
Ano: 2012
/ Páginas: 399
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