O Enem é
um exame essencialmente interdisciplinar, isto é, suas questões – por mais que
sejam divididas e organizadas em matrizes de referência de acordo com quatro
áreas de conhecimento (linguagens, códigos e suas tecnologias; matemática e suas
tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias e ciências humanas e suas
tecnologias) – relacionam duas ou mais disciplinas.
Nos
enunciados, os candidatos podem observar que, mesmo em perguntas da área de
humanas, por exemplo, pode haver um gráfico ou um infográfico e a resposta
correta depende, além do conhecimento prévio, da interpretação adequada e
proficiente deste texto multimodal.
Porém, o
caráter interdisciplinar do Enem não fica restrito, somente, às questões e
também está presente na proposta de redação. Além, da interdisciplinaridade, há
também a intertextualidade, ou seja, o estabelecimento de relações entre dois ou
mais textos do mesmo autor ou de autores diferentes.
Nas
propostas de redação do Enem, mais especificamente na coletânea de textos
motivadores, há textos que tratam o tema das mais variadas formas, marcando aí a
interdisciplinaridade. O candidato, por sua vez, deve estabelecer relações
consistentes entre essa multiplicidade textual – intertextualidade – e redigir
um novo texto, no caso, uma dissertação-argumentativa.
A segunda
competência do Enem que, entre outras coisas, avalia se o candidato aplicou
conceitos das várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema e a terceira
competência que, por sua vez, analisa se o candidato selecionou, relacionou,
organizou e interpretou informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de
um ponto de vista visam, em resumo, analisar se a interdisciplinaridade e a
intertextualidade foram exploradas pelo candidato; se este soube abordar o tema
e desenvolver seus argumentos utilizando-se de mais de uma disciplina e de mais
de uma fonte de informações.
Os temas
das propostas de redação do Enem são de cunho social e podem e devem ser
tratados pelo viés propriamente sociológico, mas também pelo viés político,
histórico, linguístico, científico etc. Aspectos geográficos, ambientais,
religiosos, dentre outros, dependendo do recorte temático imposto pela coletânea
de textos motivadores, são fundamentais em uma dissertação-argumentativa do
Enem.
O aspecto
intertextual da proposta de redação do Enem abre a possibilidade do intercâmbio
de ideias e de práticas por parte do candidato, que tem a sua frente várias
possibilidades de abordagem do tema por meio da intertextualidade e da
interdisciplinaridade.
É comum,
de uns anos para cá, vermos nas propostas de redação do Enem textos multimodais
e interdisciplinares, como por exemplos, textos de leis, campanhas
publicitárias, infográficos e/ou gráficos, trechos de notícias e/ou reportagens
etc. Na edição de 2013, cujo tema foi “Os efeitos da implantação da Lei Seca no
Brasil”, o candidato tinha à disposição estes gêneros que deveriam ser
relacionados tanto para elogiar ou criticar a referida norma; outra
possibilidade era a de elogiar a iniciativa da criação da Lei Seca e ao mesmo
tempo criticar sua implementação e sugerir intervenções, já que o gráfica
mostrava que os números de mortes em acidentes de trânsito, na cidade do Rio de
Janeiro, não diminuíram significativamente e, até porque, sugerir propostas de
intervenção social é a quinta competência avaliada no exame.
Obviamente,
ao estabelecer relações entre os textos da coletânea, o candidato deve ser
coerente e verossímil, já que trata-se de uma dissertação-argumentativa e não de
uma ficção científica; o Enem não é lugar para teorias da conspiração, como
temos lido sobre a Copa do Mundo no Brasil, por exemplo. A coerência deve ser a
palavra-chave.
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