A
demonstração do domínio da norma culta da Língua Portuguesa escrita é a primeira
competência avaliada pelo ENEM e talvez alguns devem pensar que é redundante a
palavra “escrita” neste caso, mas não é, já que a língua e a linguagem se dão em
duas modalidades: oral e escrita e como o tipo textual requerido no ENEM é a
dissertação – argumentativa, o candidato deve demonstrar que domina a norma
culta da língua escrita, já que gêneros da modalidade oral (assim como alguns da
modalidade escrita como comentários, por exemplo) podem ser formais ou
informais, dependendo da situação de produção na qual estão inseridos (para
exemplificar, um discurso de apresentação é formal, já um podcast pode
ser informal). A situação de produção que o ENEM estabelece é formal, pois é um
exame oficial de seleção e como ele requer do candidato um texto formal escrito,
este deve ser redigido segundo a norma culta da Língua
Portuguesa.
Já que
deve-se idealizar, imaginar um leitor universal, não deve-se, consequentemente,
pressupor que este leitor conheça a proposta e o tema da redação (e isso vale
para todos os vestibulares e para diversos gêneros), ou seja, como não se deve
pensar no corretor no momento de escrever o texto, este deve ser construído com
frases e orações que contenham informações completas, a fim de elaborar um texto
autônomo, isto é, um texto que possa ser entendido por qualquer pessoa e fora da
situação do vestibular ou do ENEM; por exemplo, um texto que um parente ou amigo
do candidato que não conhece a proposta possa ler e compreender normalmente e
adequadamente, no qual o autor se fez entender.
O
candidato deve almejar escrever do modo mais claro e objetivo possível, mas
tendo o cuidado de não ser simplista. Como diria Albert Einstein, “faça tudo da
forma mais simples possível, mas não de forma simplista”, ou seja, não é preciso
escrever um texto todo rebuscado, com palavras difíceis e pouco conhecidas
(claro que um vocabulário variado é o ideal, mas é mais seguro usar palavras que
você conheça bem do que palavras que você não domina o significado totalmente),
mas é fundamental redigir um texto claro, objetivo e com progressão temática,
isto é, que leve o leitor para algum lugar, o lugar que o autor escolheu e não
ficar “enrolando”.
Além da
escolha lexical, a pontuação também é importante, pois além de organizar as
ideias, os argumentos, os exemplos, as estratégias argumentativas, a proposta de
intervenção social (quinta competência do ENEM), ela dita o ritmo de leitura do
leitor, a entoação desejada pelo autor. Um uso equivocado da vírgula, por
exemplo, pode alterar completamente o sentido de uma oração, de uma frase, de
toda uma construção. É como mostrou uma peça divulgada pela Associação
Brasileira de Imprensa veiculada na mídia em comemoração aos seus 100 anos de
existência:
Outros
itens são fundamentais em um texto na modalidade escrita formal, como por
exemplo, a ausência de elementos orais e informais (gírias; palavrões nunca,
mesmo que o gênero requerido seja oral) e obediência às regras de concordância
nominal e verbal, regência nominal e verbal, flexão de nomes e verbos, colocação
de pronomes, ortografia (muita gente ainda confunde “mas” e “mais”), acentuação,
emprego de letras maiúsculas e minúsculas e divisão silábica na mudança de linha
(umas das primeiras coisas que aprendemos quando estamos sendo alfabetizados e
que são importantes para toda a vida).
Segundo o
Guia do Participante do ENEM, os desvios mais graves que podem ser
cometidos na redação são a falta de concordância entre o sujeito e o verbo,
períodos incompletos, descontínuos, que não são compreensíveis ao leitor, má
pontuação, aquela que compromete o entendimento do texto e a presença de gírias.
Já os desvios graves são a falta de concordância entre adjetivo e substantivo,
regência nominal e verbal inadequada, ausência da crase ou seu uso equivocado,
problemas sintáticos, desvios em palavras de grafia complexa e marcas de
oralidade. Os desvios leves, finalmente, são ausência de concordância em
passivas sintéticas e desvios de pontuação que não comprometem o sentido da
redação.
O
candidato que mostrar um domínio excelente da norma culta da língua escrita no
ENEM, não apresentando ou apresentando pouquíssimos desvios leves em algumas
partes do texto recebe 200 pontos; o participante que demonstrar um bom domínio,
com poucos desvios leves em partes da redação recebe 160 pontos; aquele que
apresentar um domínio adequado, com desvios graves e/ou leves, mas que ainda não
comprometem a leitura do leitor recebe 120 pontos; o candidato mediano nesta
competência é aquele que já possui uma grande quantidade de desvios graves ou
gravíssimos que comprometem a leitura recebe 80 pontos; o participante
insuficiente é aquele que apresenta desvios gravíssimos e graves ao longo de
todo o texto, os quais comprometem muito o sentido do mesmo, recebe 40 pontos e
o candidato que demonstrar não conhecer a norma culta da língua escrita não
recebe nenhum ponto, ou seja, fica com 0 nesta primeira competência do
ENEM.
Ao ler e
ao escrever, preste atenção, reflita sobre a modalidade utilizada e busque
sempre redigir um texto coeso, coerente, objetivo e claro, no qual o domínio da
norma culta da Língua Portuguesa seja demonstrado.
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