Ao
planejarmos e escrevermos um texto, seja de qualquer tipo e/ou gênero, devemos
objetivar que ele seja, dentre outras coisas, fluido (que a sua leitura flua
para o leitor tanto no sentido formal, de se estar bem escrito, bem pontuado,
tanto no sentido semântico, isto é, em relação aos seus significados), bem
organizado em termos de paragrafação (relação entre parágrafos, com as ideias
bem estruturadas) e objetivo (sem “enrolar” o leitor ou escrever, escrever e não
dizer nada) e, para tanto, a coerência e a coesão são pontos fundamentais, tanto
para se escrever textos em provas oficiais como o ENEM e os demais vestibulares
quanto quando se escreve na escola, no trabalho, nos afazeres diários etc. A
coerência e a coesão são essenciais para escrevermos textos harmônicos e que
façam sentido e, consequentemente, fluidos e que não tenham, pelo leitor, uma
leitura truncada, que deve ser parada de parágrafo em parágrafo porque não houve
entendimento.
O texto,
seja ele de que tipo e/ou gênero for, deve ser gostoso e fácil de ser lido e,
para conseguir isso, não basta escrever bastante, pois há quem escreve muito na
escola, por exemplo, e não consegue muita evolução de um texto para o outro.
Tenha, para quem ainda está na escola ou frequenta um cursinho, no professor,
além de um corretor, um mediador, alguém com o qual você possa conversar
abertamente sobre suas redações, ideias e estratégias de escrita. Se só escrever
e ler adianta-se, bastaria trancar os alunos em uma biblioteca por alguns meses.
Obviamente deve-se ler e escrever com certa frequência, inclusive reescrever os
textos já corrigidos pelo professor para refletir sobre o que e como foi escrito
e, claro, para buscar uma melhora, mas ter no docente um mediador, alguém que
incentive e lhe ajude é muito importante. Para quem não tem contato com um
professor, busque esse mediador em um familiar ou amigo, já que mesmo em um
diálogo cotidiano sobre um tema atual tentamos convencer, sempre, o nosso
interlocutor sobre o que argumentamos, já que sempre respondemos ativamente a
tudo o que ouvimos, lemos e vemos, mesmo que seja com um movimento de cabeça
concordando ou discordando.
Depois
desse parêntese, voltemos à coerência e à coesão. A redação no ENEM deve ser
coerente tanto externamente quanto internamente: externamente por ser verossímil
com a realidade, com a sociedade atual, inclusive ao inserir a proposta de
intervenção social (quinta competência), já que ela deve ser palpável,
realizável e não utópica ou possível apenas em um filme de ficção científica,
por exemplo. O texto deve ser coerente externamente nos argumentos, principal e
auxiliares e não estar fundamentado em dados incorretos, inventados ou que
expressem algum tipo de preconceito. A coerência interna, por sua vez, se dá em
uma sequência lógico-racional das ideias, tecendo relações de continuidade entre
os parágrafos e aí também entra a coesão para escrever com sentido. Um texto que
falha na coerência possivelmente falhará na coesão.
Ao
planejar uma redação, no rascunho, por exemplo, deve-se mirar um texto que leve
o leitor a uma conclusão, à sua conclusão, autor através de uma lógica interna
que ordena a linguagem que evita as lacunas e os deslocamentos. Uma boa redação
não pode ter lacunas, isto é, espaços para dúvidas do leitor pela presença de
quebras de partes fundamentais para o entendimento. O leitor não pode se
perguntar: “como assim?”, “por que?”, “o que?”, “quem?”, “onde?” etc. Já os
deslocamentos é quando uma parte essencial do texto está em um local
inapropriado, ou seja, quando a redação possui problemas de
paragrafação.
Um texto
coerente e coeso não é redundante e não generalizante, não é repetitivo tanto no
campo das ideias quanto em relação ao vocabulário, não possui digressões, ou
seja, elementos soltos, sem relação com o texto em si, é sem ideias ambíguas
e/ou com duplo sentido, com bons exemplos, possui adequação ao tema e à proposta
de redação, além de delimitar adequadamente este tema, ser claro e ter
criticidade.
É
interessante estudar conjunções e atentar-se para as relações de sentido (causa
e consequência, finalidade, oposição, contrariedade, adição etc) que elas
estabelecem para entender como a coesão e a coerência funcionam, já que o mais
importante, além de saber para que cada uma delas servem, é que sentido elas
irão estabelecer dentro do texto, já que a presença da incoerência ainda é,
infelizmente, bastante forte nos textos dos candidatos, tanto do ENEM quanto dos
outros vestibulares. Deve-se ter atenção e cuidado para manter o sentido ao
longo de toda a redação e não se contradizer no fim do texto, contradizendo o
que foi dito no início, inclusive em termos opinativos. Porém, não basta estudar
conjunções apenas através de análises sintáticas, mas também nos textos,
atentando-se para os efeitos de sentido que o autor estabeleceu naquele texto;
ao lermos uma notícia, uma reportagem, um artigo de opinião, um editorial, um
resumo, uma entrevista e uma dissertação de ENEM dentre tantos outros textos,
devemos prestar atenção no caminho que o autor trilhou para nós, leitores,
notando as relações de sentido que as conjunções estabelecem.
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