A
transição da sociedade de consumo para a sociedade do bem-estar passa pela
atitude inteligente ao consumir, o que inclui também o Consumo Colaborativo.
Para facilitar o entendimento sobre essa nova sociedade, o Instituto Akatu
elaborou o “Decálogo do Consumo Consciente”, que indica o caminho para a
sustentabilidade na produção e no consumo
Está
claro que o ritmo de consumo atual cresce muito além do que a Terra é capaz de
oferecer. Segundo o último relatório Living Planet, da WWF (leia Humanidade
precisará de ‘três planetas’ em 2050) a população mundial consome 50% mais
recursos naturais do que o planeta renova e, se a demanda continuar aumentando
como nos últimos vinte anos, em 2050 precisaríamos de três planetas para suprir
esse consumo.
Soma-se a
isso o fato de que 76% de todo o consumo mundial vem de apenas 16% da população,
como apontado pelo documento O Estado do Mundo, publicado pelos institutos WWI*
e Akatu. Ou seja, uma minoria mais rica é responsável pela maior pressão
exercida sobre os recursos naturais. Com a expansão da classe média e a retirada
de pessoas da pobreza – que é um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e
uma grande discussão quando se fala em economia verde – aumentar a demanda
colocaria em risco a sobrevivência não do planeta, mas da
humanidade.
Por conta
do limite planetário, seria preciso um enorme ganho de produtividade para suprir
a necessidade mundial. “Precisaríamos fazer com que cada produto passasse a ser
produzido com 80% menos recursos naturais. Mas isso não vai acontecer no curto
prazo. Só a mudança tecnológica não consegue dar conta. Logo, nós precisamos de
uma mudança muito significativa do lado do consumo”, afirma Helio Mattar,
presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente*.
Daí vem a
urgência por um novo modelo de economia, em que prevalece o consumo inteligente
– aquele que valoriza a compra do necessário e não do supérfluo e que é
consciente do impacto ambiental que gera. E, é claro, modelos de produção mais
sustentáveis. “Precisamos de uma economia bem diferente da que temos hoje, que
muda o paradigma da sociedade. Eu chamaria esta de civilização do bem-estar e
não do consumo”, propõe Mattar.
A partir
desta reflexão o Instituto Akatu elaborou o Decálogo do Consumo Consciente. São
dez indicações para a sustentabilidade na produção e no consumo, direcionadas a
cidadãos, governos e indústria, para que se alcance mais equidade, justiça e
bem-estar. Veja o que o Decálogo valoriza:
1. os
produtos duráveis mais do que os descartáveis ou de obsolescência
acelerada;
2. a
produção e o desenvolvimento local mais do que a produção global;
3. o uso
compartilhado de produtos mais do que a posse e o uso individual;
4. a
produção, os produtos e os serviços social e ambientalmente mais
sustentáveis;
5. as
opções virtuais mais do que as opções materiais;
6. o
não-desperdício dos alimentos e produtos, promovendo o seu aproveitamento
integral e o prolongamento da sua vida útil;
7. a
satisfação pelo uso dos produtos e não pela compra em excesso;
8.
produtos e escolhas mais saudáveis;
9. as
emoções, as ideias e as experiências mais do que os produtos materiais,
e
10. a
cooperação mais do que a competição.
“Dizer
para a classe média, recém-chegada ao mercado do consumo, que ela não pode
consumir, além de idiotice, é injusto. Mas é possível dizer para essas pessoas
que existe um consumo mais inteligente. É preciso informação para se consumir de
outra forma e que a população seja estimulada para isso. É disso que se trata
essa transformação que os dez itens propõem”, finaliza Helio
Mattar.
Estas
informações foram extraídas do bate-papo “Como podemos crescer dentro de uma
economia de consumo consciente?” entre Helio Mattar e Lúcia Barros, diretora da
revista Máxima (parceira do Planeta Sustentável), promovido no dia 23/05, na
Editora Abril.
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