"Mais
importante do que dizem as palavras é o que realmente elas querem
dizer!"
A frase
acima foi postada em meu blog há alguns dias. O intuito não é fazer humor!
Filosofar? Inevitável! Mas, de fato, a pretensão é outra. Ambiciosa, muito
provavelmente, entretanto legítima, a ideia se firma em refutar a tendência das
pessoas em geral, no que concerne ao clichê cunhado pela expressão: “as palavras
têm poder”. Não! Não é a elas que se deve atribuir o poder, mas sim ao seu real
sentido, à essência e fundo de sua substância.
Já
presenciei discussões ferinas, carregadas de todos os impropérios possíveis,
sempre acompanhadas da frase: “não me importa o que você quis dizer! O que
importa é o que você disse! E você disse isto!”. Ora, é como dizer de um lingote
de ouro, guardado em uma caixa de bombons: “não me importa que você quis me dar
uma barra de ouro! Eu exijo uma barra de chocolate dentro desta caixa! Você me
deu uma caixa de chocolate e eu quero isto!
É certo
que em relação à essência e fundo das palavras, o contrário também é verdadeiro.
O médico que orienta seu paciente e lhe diz que seu caso inspira cuidados, mas
não é motivo para desespero, sabendo que lhe restam poucos meses de vida, está
lhe oferecendo uma caixa de bombons pintada de ouro por fora. De qualquer jeito,
nessa situação, é melhor que o paciente coma os bombons.
Outro bom
exemplo: A mãe, frente a frente com a filha adolescente, dispara de forma
exclamativa “Sua pamonha!”. Pode parecer, a princípio, que se trata de um caso
de violência contra incapaz ou, talvez, de ingerência familiar. Como não
condenar a atitude e duras palavras dessa mãe. Mas... chegando-se um pouquinho
mais próximo, entrando pela cozinha onde o episódio acontece, pode-se perceber a
mãe com uma pequena travessa, oferecendo à filha uma iguaria que ela há muito
desejava degustar. A mãe, orgulhosa de si mesma, preparara o quitute sem que a
filha soubesse, com direito à palha da espiga do milho como embrulho, tal qual
vira no passo a passo da receita pela internet. Ao fim, veio até a filha e lhe
disse, retirando de sobre a travessa o guardanapo, ”Sua
pamonha!"
Como não
são as palavras, mas sim o seu sentido (o que se quer realmente fazer sentir)
eis mãe e filha e um final feliz!
Há também
situações mais literais, e nem mesmo assim, menos ilustrativas. Quem nunca
testemunhou uma cena entre amigos, velhos amigos, muitos até letrados amigos,
que, dado um longo tempo de ausência e de saudade, abraçam-se e massageiam
costas e nuca reciprocamente ao embalo da frase também recíproca:” Seu
miserável, filho da mãe!"
Sem
dúvida uma clássica demonstração de amizade. Algo que de verdade pode consertar
um mundo tão carente de afeto e de amor ao próximo.
Quanto às
palavras... importa mesmo o que se quer dizer e o que se quer fazer com
elas!
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