Vivemos um momento de
mudanças. Há quem entenda esse processo do ponto de vista fragmentado,
elaborando um estereótipo do momento: a Crise. Por outro lado, há então àqueles
que buscam tomá-lo do ponto de vista da complexidade e o assumem como um momento
de transição.
Elaboramos uma nova pedagogia:
a do diálogo. Estabelecer um diálogo, uma comunidade discursiva de falas é
fundamental para a construção desse novo paradigma educacional. A pedagogia do
diálogo carrega em sua bagagem a constituição do que é e do como está se
realizando essa transição. A principal mudança reside na abordagem dos processos
de ensino-aprendizagem.
No Paradigma moderno ou atual,
os processos de ensino aprendizagem apontam para uma abordagem de transmissão do
conhecimento. Transmitir implica em um receptor. Na escola, professores
transmitem e alunos recebem. Assim, acontece uma relação de Sujeito è Objeto,
onde o transmissor (Sujeito-Professor) determina o objeto a ser transmitido, bem
como o seu significado. Já o Objeto (receptor-aluno) apenas o assume em uma
hipótese de acúmulo de conhecimento.
Surgem diversas críticas sobre
essa concepção. A maior delas vai ao encontro da Teoria da Ação Comunicativa de
Jurgen Habermas. O Filósofo propõe uma guinada histórica nesse processo. Antes
de mais nada, Habermas propõe como método a comunidade discursiva de fala, ou
seja, é um espaço onde se considera as diferentes opiniões, culturas,
entendimentos, etc., e, sob a pretensão de se chegar a um consenso, constrói-se
uma nova relação entre os sujeitos. Note, que antes o que apenas ia, agora
também retorna. Isso quer dizer, ensinar e aprender é um feed back constante. As trocas são fundamentais. Muito
mais que elas, o confronto epistemológico no sentido de, tanto o professor
quanto o aluno estarem abertos à discussão. Nesse método há a construção, desde
os planos de trabalho interdisciplinares, quanto às metodologias utilizadas. A
partir dessa proposta, o aluno não apenas recebe, mas dentro de sua disposição
natural e desejo de conhecer, participa efetivamente da construção do professor.
Sim! Para muitos um desafio: construção do professor! Vale lembrar que, a visão
moderna do ensino assentado sob a premissa da autoridade se desconstrói e, no
lugar dessa, nasce um novo papel docente: o
neomoderno.
A Pedagogia Neomoderna quer
reconstruir a Modernidade, mas de uma forma à repensar quais foram os pontos
falhos, não na intenção de corrigi-los, mas de reconfigurá-los. Diante dessa
urgência, reconfiguram-se os papéis políticos, pedagógicos e sociais dos
professores e alunos.
Pedagogicamente, alteram-se as
disposições que dão domínio de classe, ensino, postura profissional por meio da
autoridade delegada ao professor. O professor é apenas, como dizia Sócrates, um
“parteiro” de ideias. As ideias estão/são produzidas pelo aluno, mas sempre é
necessário um “trabalho de parto” para orientar o nascimento das
mesmas.
Dessa forma, a Crise, conceito
exagerado e extremo, toma a dimensão da transição que, para um sistema que
arruína, outro que nasce! Ao novo, delega-se a competência, habilidade, formação
continuada e responsabilidade política e social, uma vez que a transição exige
amadurecimento e postura profissional.
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