Será
assim tão difícil?
Uma amiga
europeia que passou alguns meses no Brasil me contou que uma das coisas que ela
mais estranhava aqui era o quanto colocávamos Deus nas nossas frases. Graças a
Deus, se Deus quiser, fica com Deus, vai com Deus, Deus me livre, Deus te pague,
Deus te abençoe.
Qualquer
um de nós usa estas frases- mesmo aqueles que não se são muito (ou nada)
religiosos. Muitas vezes a gente fala sem pensar. Fala porque faz parte do
costume. Mas eu acho bonito. Talvez seja nossa forma de dizer
Namastê.
O
interessante é pensar que num diálogo entre duas pessoas de religiões
diferentes, Deus pode permear a conversa vindo de ambos os lados. Muitas vezes,
dois Deuses que não são o mesmo, não se conhecem e não pensam de forma
semelhante se encontram em nossas falas, convivem, cumprimentam-se e vão
embora.
Seria bom
se fizéssemos isso de forma consciente. Se aceitássemos verdadeiramente que o
Deus no qual acreditamos respeita e saúda o Deus no qual o outro
crê.
Tenho
muita dificuldade de entender a ideia de que algum Deus possa ditar atos de
marginalização, de agressão, quiçá de morte. Isso tem muito mais cara de homens,
de governos e de igrejas do que de Deus. Não conheço os Deuses que habitam as
outras pessoas, mas apostaria alto que Deus nenhum quereria
isso.
Talvez
um dos grandes problemas seja esse: confundir fé, religião, igreja e Estado.
Estados e igrejas, historicamente e de forma mais do que comprovada, sempre
ditaram atos de violência. As religiões e seus textos, quando distorcidas ou mal
interpretadas, também podem ser vistas assim. Mas a fé… A fé me parece tão
genuinamente incompatível com a agressão.
Vivemos um momento que beira o caos. Em que Deuses são utilizados das formas mais estranhas.Uma grande confusão entre Deus, armas, fé, petróleo, governos, passado, presente, igrejas, colônias, impérios… Sei lá, acho que Deus nenhum gostaria de ser colocado no meio disso tudo.
E as pessoas generalizam, polarizam e afundam-se cada vez mais na pobreza do maniqueísmo. Tomam a parte pelo todo, confundem conceitos. Querem ver, assim como crianças, um culpado e uma vítima, um mártir e um vilão. Mas não querem estudar, pensar, conversar, analisar. Isso dá muito trabalho. É mais fácil taxar e condenar.
Difícil imaginar que rumo o mundo está tomando. Difícil aceitar nossa impotência, nossa vulnerabilidade, nossas mãos atadas. Mas deveríamos parar de tentar culpar os Deuses. Essa brutalidade toda não tem a ver com eles. Essa brutalidade é exclusividade dos homens. Homens esses que aceitam cada vez menos o Deus que habita no outro, seja ele qual for, e, em nome dessa intolerância se mata e se morre, no oriente e no ocidente, cristãos e muçulmanos, civis e militares. Que tristeza. Deus nenhum gostaria de ver isso.
Vivemos um momento que beira o caos. Em que Deuses são utilizados das formas mais estranhas.Uma grande confusão entre Deus, armas, fé, petróleo, governos, passado, presente, igrejas, colônias, impérios… Sei lá, acho que Deus nenhum gostaria de ser colocado no meio disso tudo.
E as pessoas generalizam, polarizam e afundam-se cada vez mais na pobreza do maniqueísmo. Tomam a parte pelo todo, confundem conceitos. Querem ver, assim como crianças, um culpado e uma vítima, um mártir e um vilão. Mas não querem estudar, pensar, conversar, analisar. Isso dá muito trabalho. É mais fácil taxar e condenar.
Difícil imaginar que rumo o mundo está tomando. Difícil aceitar nossa impotência, nossa vulnerabilidade, nossas mãos atadas. Mas deveríamos parar de tentar culpar os Deuses. Essa brutalidade toda não tem a ver com eles. Essa brutalidade é exclusividade dos homens. Homens esses que aceitam cada vez menos o Deus que habita no outro, seja ele qual for, e, em nome dessa intolerância se mata e se morre, no oriente e no ocidente, cristãos e muçulmanos, civis e militares. Que tristeza. Deus nenhum gostaria de ver isso.
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