“Compreender
a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para
desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto
dissertativo-argumentativo” (BRASIL-DF, 2012, p. 14). Esta competência pode ser
dividida em três partes para ser melhor entendida, basta pontuarmos as vírgulas:
compreender a proposta de redação, aplicar conceitos das várias áreas do
conhecimento e desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto
dissertativo-argumentativo.
Compreender
a proposta de redação: o candidato deve mostrar, através de seu texto, que
compreendeu totalmente a proposta de redação, que entendeu o tema e que,
consequentemente, domina os limites estruturais do texto
dissertativo-argumentativo, isto é, que sabe redigir uma
dissertação-argumentativa, como já abordamos nas primeiras publicações sobre a
redação do ENEM. O candidato que escrever outro tipo textual ou gênero não
atenderá à parte desta competência.
Aplicar
conceitos das várias áreas do conhecimento: pontuando este aspecto, a banca
examinadora e elaboradora do ENEM quer dizer que busca textos que mostrem que os
seus autores sabem estabelecer relações entre o tema proposto e outras áreas do
conhecimento correlacionadas, que consigam expandir seus horizontes e não apenas
ficar no senso e no lugar comum.
O
importante é mostrar o quanto se está atualizado e inteirado sobre o tema e os
textos motivadores servem para inspirar os candidatos e, ressaltamos que deve-se
evitar ficar preso ao que eles trazem porque sua função é “despertar uma
reflexão sobre o tema” (BRASIL-DF, 2012, p.15) e não para limitar a criatividade
do candidato e, assim, estimular o estabelecimento de relações. E, por isso
mesmo, a redação não deve conter cópias de trechos dos textos motivadores e, se
houve, para efeito da correção, as linhas com cópias não serão
consideradas.
Um dos
comentários a nós enviado perguntava-nos como adquirir informações confiáveis na
internet para se preparar para a redação do ENEM, já que há uma imensa
quantidade de conteúdos que nem sempre são corretos. Pensamos que o leitor que
nos enviou esta mensagem estava preocupado com esta 2ª competência no que se
refere à aplicação de conceitos das várias áreas do conhecimento e, realmente,
para atender a este aspecto deste critério, é fundamental possuir um
conhecimento de mundo prévio e a internet pode ajudar sim, mas como ela
possui uma imensidão de conteúdos, o ideal é buscar sites relevantes,
como por exemplo, de jornais e revistas atuantes e de grande circulação
nacional, páginas que trazem artigos científicos e acadêmicos (revistas
acadêmicas e sites de universidades) e conteúdos de autoria confiável, de
autores conhecidos.
Mas aí
entra um ponto que é essencial: senso crítico. Ao ler uma notícia ou uma
reportagem sobre qualquer assunto, devemos ter senso crítico para concordar,
discordar, refutar e interpretar o que está escrito, já que quem escreve sempre
tem intenções e uma ideologia. Devemos selecionar, de acordo com a nossa
opinião, nossas fontes de informação. Por isso há assinantes de determinadas
revistas e de determinados jornais, já que cada um possui seu viés ideológico e
por haver mais de um modo de se abordar algo.
Os livros
também possuem um papel fundamental na nossa formação: desde os livros didáticos
que usamos na escola, passando pela Literatura nacional e estrangeira, eles têm
uma enorme importância e todo livro nos passa uma lição, algo de bom que podemos
e devemos levar para a vida e usar em situações como uma prova de redação do
ENEM.
Para
tanto, a redação do ENEM e de qualquer outro vestibular, seja qualquer tipo ou
gênero textual pedido, requer que o participante escreva um texto com uma boa
relação lógica entre as partes e os parágrafos (paragrafação), criando uma
unidade de sentido; com precisão vocabular, já que a escolha lexical é
fundamental para os efeitos de sentido; progressão temática que expresse um bom
planejamento e, finalmente, uma adequação entre o texto e o mundo real, isto é,
a redação necessita ter coerência interna (fazer sentido) e coerência externa,
ou seja, ser verossímil, estar de acordo com a realidade, inclusive na proposta
de intervenção social (5ª competência, sobre a qual dedicamos uma publicação que
foi publicada anteriormente). Esta não pode ser utópica (fantasiosa) e/ou
inviável e sim deve ser possível, praticável.
Um texto
coerente, como já afirmamos outras vezes, é aquele texto claro, objetivo, que
apresenta um encadeamento lógico das ideias e é aí que a paragrafação é um
aspecto fundamental. Recebemos um comentário de um leitor com uma dúvida sobre
isso, sobre quantos parágrafos deve ter a redação no ENEM. Lembrando que a folha
definitiva da prova possui entre 30 e 35 linhas, este é o primeiro limite ao
qual devemos nos atentar. A estrutura básica da dissertação-argumentativa,
ensinada pela maioria dos professores pede um parágrafo introdutório, de dois a
três parágrafos de desenvolvimento com os argumentos embasados nas estratégias
argumentativas e um parágrafo final com a conclusão e, no caso do ENEM, com a
proposta de intervenção social, mas isso é relativo, depende da condição de
autor do candidato.
O
importante é saber que para cada tópico frasal é preciso um parágrafo que deve
estar ligado ao anterior e ao posterior, ou seja, não se deve fazer “saltos”
temáticos, quebras, digressões de um parágrafo para o outro e aí a continuidade
se faz presente como um aspecto essencial.
Tudo isso
será avaliado em cinco níveis de desempenho que dividem-se entre cinco
pontuações:
200
pontos: recebe esta pontuação o participante que seleciona, relaciona,
organiza e interpreta fatos, opiniões e argumentos de maneira
consistente, configurando autoria e que escreve um texto
totalmente coerente e coeso.
160
pontos: recebe esta pontuação o candidato que seleciona, relaciona, organiza
e interpreta fatos, opiniões e argumentos de maneira consistente, mas que
não chega ao ponto da configuração da autoria, pois apresenta argumentos
previsíveis, porém que não são cópias dos textos motivadores.
120
pontos: recebe esta pontuação o candidato que apresenta informações, fatos,
opiniões e argumentos pertinentes, mas não os organiza de maneira consistente,
faltando coesão e, assim, tendo pouca articulação entre os
argumentos e as ideias.
80
pontos: o participante apresenta informações, fatos, opiniões e argumentos
de maneira não consistente ou contraditória e/ou um texto
repetitivo, maçante e que traz dados previsíveis.
40
pontos: o candidato não apresenta um ponto de vista e,
consequentemente, não opina e não argumenta sobre o tema proposto pelo ENEM,
selecionando fatos, opiniões e argumentos não relacionados a este.
0
ponto: o participante escreve um texto totalmente incoerente, que
fugiu ao tema proposto e que não apresenta coesão.
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