Era um
dia chuvoso, há muitos anos. Eu tinha apenas 17 anos e recentemente começado a
frequentar uma escola de comércio para aprender sobre eletrônica, radiodifusão e
até mesmo um pouco sobre o mundo desenvolvido dos computadores.
Eu gostei
particularmente de descobrir como a matemática se aplicava a tudo. Com equações
simples pode-se determinar todos os tipos de coisas sobre circuitos elétricos,
campos magnéticos, padrões de oscilações, harmônicos e muito mais. E quando
começamos a aprender sobre frequências e formas de ondas, como elas interagem
umas com as outras e como os padrões são afetados por tantas coisas diferentes.
Eu estava completamente fascinada.
Uma tarde
no intervalo entre as aulas, eu fui lá para fora, na varanda, para ver a chuva
da primavera caindo. Havia uma imensa poça perto da parede e eu fiquei olhando
os padrões de ondas ondulando e se propagando das gotas que atingiam a
superfície.
Cada
círculo em expansão das ondulações rapidamente encontrariam outros círculos,
constantemente interagindo, interferindo e criando novos padrões na superfície
da água. Muito tempo depois de qualquer gota de chuva tivesse parado de cair, o
seu efeito ainda estaria se propagando pela poça.
Eu tinha
acabado de aprender sobre as formas de ondas, harmônicas, ondas portadoras e
outras, bem como a forma que todas elas afetam e modulam umas às outras com
todos os padrões de interferência e agora eu estava assistindo a uma
demonstração da vida real bem ali na poça.
Hipnotizada
pelos padrões aleatórios acontecendo, cada pequena gota afetando muito além do
seu próprio ponto de queda, uma ideia flutuando em: “Fico pensando se é daí de
onde os pensamentos vêm.”
Sempre
questionando o universo, eu muitas vezes fiquei pensando sobre o que exatamente
está dentro do meu cérebro que gera uma nova ideia ou pensamento. Como pode "o
que eu sei" gerar algo novo que eu "não sabia" antes? E lá na poça parecia estar
a resposta.
Todas as
ondinhas interagindo umas com as outras gerando novos padrões de ondas que não
estavam ali antes. O mesmo deve acontecer dentro da minha
cabeça.
Todas
essas diversas partículas de informações que estavam constantemente pulando ao
redor, cada uma com o seu próprio padrão de frequência determinado ou forma de
ondas e quando elas se colidiram com as outras, um padrão totalmente novo - um
novo pensamento - apareceria na superfície consciente da minha
mente.
Se você
seguir os seus pensamentos aleatórios por alguns momentos, você pode descobrir
que eles estão tenuamente conectados através de associações passageiras criadas
quando eles se chocam com os outros.
Algo
parecido com isto: hum, o que tem para o jantar..., aquelas sobras estão ficando
velhas ... Eu deveria plantar a minha própria alface este ano..., aquele rapaz
no supermercado era legal..., ele se parecia com o mecânico..., eu me pergunto
se o carro precisa de uma troca de óleo... Eu estou tão esquecida..., tenho que
ser mais responsável..., me pergunto como meus filhos estão..., o mundo está tão
maluco..., incluindo a vizinha..., me pergunto se ela vai reclamar da minha nova
estufa..., mal posso esperar a minha primeira colheita... oh, sim, o
jantar!
É claro
que cada um desses pensamentos poderia decolar em inúmeras direções adicionais e
eles são apenas os que foram gerados pelos meus próprios neurônios, sem se
importar com todo o ruído mental que vem de outros lugares!
Enquanto
eu duvido que meu cérebro seja o único que está constantemente produzindo
círculos, é com este que eu vivo. O problema acontece quando eu paro e ouço
tudo. Como Adamus salientou recentemente, os pensamentos são apenas estas coisas
aleatórias constantemente passando por nossos cérebros. Eles realmente não têm
muito significado e a maioria deles nem sequer são nossos!
Aqui está
uma maneira de imaginar isso. Em vez de uma pequena poça de água na rua, imagine
a sua consciência como um vasto oceano, cheio de toda a sabedoria, conhecimento
e potenciais (muito diferente dos seus pensamentos aleatórios) que você
adicionou ao longo das eras.
Como as
correntes oceânicas, essas coisas estão sempre se mexendo dentro de você,
trazendo nova vida e novas ideias para a superfície. No entanto, os oceanos
também se evaporam e formam nuvens que viajam sobre os outros oceanos,
condensando-se em chuva e derramando todos os tipos de pensamentos aleatórios
sobre a consciência das outras pessoas, bem como sobre a sua
própria.
Quando a
gente pensa sobre os sete bilhões de oceanos de consciências vagando por aí,
começamos a ter uma ideia de quantos pensamentos estrangeiros estão pingando em
nós o tempo todo!
Neste
momento dinâmico de mudança, a superfície de seu próprio oceano, além de ser
constantemente atacada por pensamentos-gotas dos outros, agora tem de lidar com
as tempestades de consciência de massa, onde as nuvens de pensamentos-gotas
estão soprando por aí, causando ondas maiores e mais caos.
É muito
fácil ficar agitada e com a interferência mental vindo de todas as direções e a
superfície tempestuosa atraindo toda a sua atenção, pode ser fácil perder o
equilíbrio.
Esse é o
momento no qual você apenas para.
Pare.
Respire.
Apenas a
superfície é que foi afetada pela tempestade. Abaixo das ondas e do
pensamento-chuva, do vento e do caos, o seu próprio oceano é profundo e
calmo.
Ao
mergulhar profundamente em sua criação é que você abre as profundezas de sua
alma e dentro desse abismo sagrado agora repousa a profunda calma da confiança,
o conhecimento de que tudo está realmente bem e a quietude da grande
sabedoria.
Basta
respirar profundamente para dentro de si e a tempestade da superfície perderá a
sua relevância.
Não há
necessidade de ficar presa em meio ao caos do nosso mundo.
Não há
necessidade de se distrair com as ondas agitadas e com o pensamento-dilúvio dos
outros.
Claro que
você pode notá-lo, mas agora é o momento de se lembrar do seu Eu, o Mestre que
você realmente é. Agora mais do que nunca, é importante ignorar a tempestade e
mergulhar profundamente em sua própria quietude.
Os
oceanos dos outros podem aparecer ainda mais tempestuosos do que o seu, pois
muitos ainda estão no seu processo de mergulhar em suas próprias criações e os
oceanos deles podem ainda não ser tão profundos.
Mas
quando eles veem o brilho de quem tem o comando dos ventos e das ondas de sua
própria consciência, isto só pode inspirar um olhar mais profundo para dentro de
si mesmo.
_Jean
Tinder_
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