
A
Campanha da Fraternidade é uma campanha realizada anualmente pela Igreja
Católica Apostólica Romana no Brasil, sempre no período da Quaresma. Seu
objetivo é despertar a solidariedade dos seus fiéis e da sociedade em relação a
um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de
solução. A cada ano é escolhido um tema, que define a realidade concreta a ser
transformada, e um lema, que explicita em que direção se busca a transformação.
A campanha é coordenada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB).
- Educar
para a vida em fraternidade, com base na justiça e no amor, exigências centrais
do Evangelho.
- Renovar
a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja Católica na
evangelização e na promoção humana, tendo em vista uma sociedade justa e
solidária.
O gesto
concreto se expressa na coleta da solidariedade, realizada no Domingo de Ramos.
É realizada em âmbito nacional, em todas as comunidades cristãs católicas e
ecumênicas. A destinação é a seguinte: 45% para a própria paróquia aplicar em
programas de promoção humana; 35% para a Diocese aplicar na mesma finalidade;
10% para a CNBB Regional e 10% para a CNBB Nacional.
Em 1961,
três padres responsáveis pela Cáritas Brasileira idealizaram uma campanha para
arrecadar fundos para as atividades assistenciais e promocionais da instituição
e torná-la autônoma financeiramente. A atividade foi chamada Campanha da
Fraternidade e realizada pela primeira vez na quaresma de 1962, em Natal no Rio
Grande do Norte, com adesão de outras três Dioceses e apoio financeiro dos
Bispos norte-americanos. No ano seguinte, 16 Dioceses do Nordeste realizaram a
campanha. Não teve êxito financeiro, mas foi o embrião de um projeto anual dos
Organismos Nacionais da CNBB e das Igrejas Particulares no Brasil, realizado à
luz e na perspectiva das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral (Evangelizadora) da
Igreja em nosso País.
Em seu
início, teve destacada atuação o Secretariado Nacional de Ação Social da CNBB,
sob cuja dependência estava a Cáritas Brasileira, que fora fundada no Brasil em
1957. Na época, o responsável pelo Secretariado de Ação Social era Dom Eugênio
de Araújo Sales, e por isso, Presidente da Cáritas Brasileira. O fato de ser
Administrador Apostólico de Natal explica que a Campanha tenha iniciado naquela
circunscrição eclesiástica e em todo o Rio Grande do Norte.
Este
projeto foi lançado, em nível nacional, no dia 26 de dezembro de 1962, sob o
impulso renovador do espírito do Concílio Vaticano II, em andamento na época, e
realizado pela primeira vez na quaresma de 1964. O tempo do Concílio foi
fundamental para a concepção e estruturação da Campanha da Fraternidade, bem
como o Plano Pastoral de Emergência e o Plano de Pastoral de Conjunto, enfim,
para o desencadeamento da Pastoral Orgânica e outras iniciativas de renovação
eclesial. Ao longo de quatro anos seguidos, por um período extenso em cada um,
os Bispos ficaram hospedados na mesma casa, em Roma, participando das sessões do
Concílio e de diversos momentos de reunião, estudo, troca de experiências. Nesse
contexto, nasceu e cresceu a Campanha da Fraternidade.
Em 20 de
dezembro de 1964, os Bispos aprovaram o fundamento inicial da mesma intitulado:
Campanha da Fraternidade - Pontos Fundamentais apreciados pelo Episcopado em
Roma. Em 1965, tanto Cáritas quanto Campanha da Fraternidade, que estavam
vinculadas ao Secretariado Nacional de Ação Social, foram vinculadas diretamente
ao Secretariado Geral da CNBB. A CNBB passou a assumir a CF. Nesta transição,
foi estabelecida a estruturação básica da CF. Em 1967, começou a ser redigido um
subsídio maior que os anteriores para a organização anual da CF. Nesse mesmo ano
iniciaram também os encontros nacionais das Coordenações Nacional e Regionais da
CF. A partir de 1971, participam deles também a Presidência e a Comissão
Episcopal de Pastoral.
Em 1970,
a Campanha da Fraternidade ganhou um especial e significativo apoio: a mensagem
do Papa em rádio e televisão em sua abertura, na quarta-feira de cinzas. A
mensagem papal continua enriquecendo a abertura da CF.
De 1962
até hoje, a Campanha da Fraternidade é uma atividade ampla de evangelização
desenvolvida num determinado tempo (quaresma), para ajudar os cristãos e as
pessoas de boa vontade a viverem a fraternidade em compromissos concretos no
processo de transformação da sociedade a partir de um problema específico que
exige a participação de todos na sua solução. É grande instrumento para
desenvolver o espírito quaresmal de conversão, renovação interior e ação
comunitária como a verdadeira penitência que Deus quer de nós em preparação da
Páscoa. É momento de conversão, de prática de gestos concretos de fraternidade,
de exercício de pastoral de conjunto em prol da transformação de situações
injustas e não cristãs. É precioso meio para a evangelização do tempo quaresmal,
retomando a pregação dos profetas confirmada por Cristo, segundo a qual a
verdadeira penitência que agrada a Deus é repartir o pão com quem tem fome, dar
de vestir ao maltrapilho, libertar os oprimidos, promover a
todos.
A
Campanha da Fraternidade tornou-se especial manifestação de evangelização
libertadora, provocando, ao mesmo tempo, a renovação da vida da Igreja e a
transformação da sociedade, a partir de problemas específicos, tratados à luz do
Projeto de Deus.
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