As
transformações ocorridas no mundo do trabalho remetem ao processo de
globalização da economia em um mundo cada vez mais impactado pelo avanço
científico-tecnológico. Tais transformações aos poucos vão influenciando os
processos educativos, cujas características apontam para um novo paradigma de
educação: pedagogia de competências.
A rapidez
com que evolui o conhecimento faz da educação o principal fator de promoção das
competências, assumindo centralidade nas questões relacionadas à formação humana
na sua totalidade, contemplando as dimensões físicas, emocionais, culturais,
cognitivas e profissionais.
Os
conteúdos referenciais definidos para um currículo e o tratamento que a eles
deve ser dado assumem papel relevante, uma vez que é basicamente na aprendizagem
e no domínio desses conteúdos que se dá a construção e a aquisição de
competências.
Nessa
perspectiva, valoriza-se uma concepção de instituição educacional voltada para a
construção de uma cidadania crítica, reflexiva, criativa e ativa, de forma a
possibilitar que os/as estudantes consolidem suas bases culturais permitindo
identificar-se e posicionar-se perante as transformações na vida produtiva e
sociopolítica.
Nos anos
iniciais do ensino fundamental, o estudante estabelece interações entre a língua
que fala em seu cotidiano e a língua ensinada pela escola, formulando hipóteses
sobre suas diferenças e usos, principalmente no domínio da língua que se
escreve. Nos anos finais, ele deve observar a língua como objeto de estudo e
referencial cultural, analisando o discurso do outro em relação ao seu próprio
discurso e vice-versa.
O
desenvolvimento da competência linguística do estudante no ensino fundamental –
anos finais – está pautado na construção de referenciais básicos para refletir
sobre a língua que ele fala-ouve-lê-escreve com a finalidade de saber explicá-la
para poder usá-la em diferentes situações de comunicação. Gradativamente ele
vai-se apropriando de procedimentos de análise e reflexão, ou seja, adquirindo
uma consciência linguística dos usos da língua e de sua diversidade por meio da
compreensão de padrões gramaticais, textuais, estilísticos e de uma
metalinguagem construída teoricamente para explicá-los.
Os
conteúdos do ensino fundamental priorizam os processos de usos da língua em
situações de leitura (compreensão, análise e interpretação) e de produção de
textos falados e escritos, sendo a reflexão sistematizada sobre o texto, um
instrumento para compreender esses processos.
A língua
é um referencial de pensamento e de ação e bem se sabe que as diferenças sociais
perpassam o seu domínio e uso. Dominá-la significa reconhecê-la como um poder
simbólico para argumentar, confrontar opiniões, expressar o pensamento em
diferentes contextos sociais.
As
habilidades retomam o currículo do ensino fundamental – anos finais – para
Língua Portuguesa contemplando os cinco principais grupos de estudo da área que
se interligam por princípios gerais – letramento e diversidade. Os grupos de
estudo são comuns para todos os anos do ensino fundamental e também do médio:
Oralidade e expressão; Leitura; Conhecimentos literários; Conhecimentos
linguísticos; Produção de textos escritos.
A
integração entre as disciplinas e as áreas deve ser efetivada com o
desenvolvimento de atividades mais globalizadas, envolvendo várias habilidades
comuns e conectando conceitos e contextos, que deverão estar presentes no
planejamento do professor. Nesse sentido, segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais, os Objetivos Gerais do Ensino da Língua Portuguesa passam a
ser:
-
Reconhecer que há uma valorização social da modalidade culta da língua, isto é,
aquela empregada nas situações formais de comunicação.
-
Desenvolver habilidade de leitura e produção de textos em função das
necessidades da vida social.
-
Desenvolver capacidade de estabelecer relações entre os diversos textos:
aspectos históricos, sociais, políticos, econômicos e culturais (éticos,
estéticos, afetivos).
-
Servir-se, com propriedade, das convenções ortográficas da língua
portuguesa.
As aulas
de língua portuguesa, nessa perspectiva, devem constituir-se em espaços
privilegiados para o estudante verbalizar as suas diferentes representações
sociais e culturais, e potencialmente sistematizar as identidades de grupos que
sofrem processos de deslegitimação social. Conviver com as diferenças,
reconhecê-las como legítimas e saber defendê-las em espaço público fará com que
o estudante reconstrua sua cultura pela linguagem
verbal.
Na
escola, a transposição didática desses estudos pode refletir o conservadorismo
de determinados pontos de vista que nada possuem de teórico e são fundados no
senso comum.
O debate
e o diálogo, as perguntas que desmontam as frases feitas, a pesquisa, entre
outros, seriam formas de auxiliar o estudante a construir um ponto de vista
articulado sobre a língua em estudo.
Ao
procurar compreender a língua e suas atualizações discursivas em textos, como
sinônimos da comunicação humana, o estudante aprende a produzir textos para fins
determinados.
A
aprendizagem do caráter produtivo da língua faz parte constante do controle
sobre o texto que será elaborado. O fazer comunicativo exige formas complexas de
aprendizagem. Deve-se reconhecer o quê e o como escrever, depois dessa análise
reflexiva, tenta-se a elaboração, com a consciência de que ela será sempre
provisória porque depende da avaliação do outro e de suas
expectativas.
Para que
a aprendizagem do aluno favoreça a formação da sua cidadania e autonomia, os
processos avaliativos devem ser sensíveis às diferenças que permeiam a sala de
aula e o contexto socioeducacional, devendo, a prática avaliativa, facilitar o
diálogo e a mediação entre as várias histórias de vida que a instituição
educacional acolhe.
Os
conteúdos trabalhados na instituição educacional precisam ser abordados de forma
que todos aprendam, cabendo aos professores a tarefa de viabilizar aprendizagens
significativas, incluindo-se o desenvolvimento das habilidades, valores e
atitudes. Consequentemente, a forma de ensinar e de avaliar os conteúdos
permitirá ao aluno uma visão ampliada das diversas relações estabelecidas entre
os componentes curriculares e as áreas do conhecimento, e da função que elas
assumem na sua formação. Espera-se, portanto, que
Nenhum comentário:
Postar um comentário