O
processo histórico em que se desenvolveu o fim do regime monárquico brasileiro e
a ascensão da ordem republicana no Brasil perpassa por uma série de
transformações em que visualizamos a chegada dos militares ao poder. De fato, a
proposta de um regime republicano já vivia uma longa história manifestada em
diferentes revoltas. Entre tantas tentativas de transformação, a Revolução
Farroupilha (1835-1845) foi a última a levantar-se contra a
monarquia.
Podemos
destacar a importância do processo de industrialização e o crescimento da
cafeicultura enquanto fatores de mudança sócio-econômica. As classes médias
urbanas e os cafeicultores do Oeste paulista buscavam ampliar sua participação
política através de uma nova forma de governo. Ao mesmo tempo, os militares que
saíram vitoriosos da Guerra do Paraguai se aproximaram do pensamento
positivista, defensor de um governo republicano centralizado.
Além
dessa demanda por transformação política, devemos também destacar como a
campanha abolicionista começou a divulgar uma forte propaganda contra o regime
monárquico. Vários entusiastas da causa abolicionista relacionavam os entraves
do desenvolvimento nacional às desigualdades de um tipo de relação de trabalho
legitimado pelas mãos de Dom Pedro II. Dessa forma, o fim da monarquia era uma
opção viável para muitos daqueles que combatiam a mão de obra
escrava.
Até aqui
podemos ver que os mais proeminentes intelectuais e mais importantes membros da
elite agroexportadora nacional não mais apoiavam a monarquia. Essa perda de
sustentação política pode ser ainda explicada com as consequências de duas leis
que merecem destaque. Em 1850, a lei Eusébio de Queiroz proibiu a tráfico de
escravos, encarecendo o uso desse tipo de força de trabalho. Naquele mesmo ano,
a Lei de Terras preservava a economia nas mãos dos grandes proprietários de
terra.
O
conjunto dessas transformações ganhou maior força a partir de 1870. Naquele ano,
os republicanos se organizaram em um partido e publicaram suas ideias no
Manifesto Republicano. Naquela altura, os militares se mobilizaram contra os
poderes amplos do imperador e, pouco depois, a Igreja se voltou contra a
monarquia depois de ter suas medidas contra a presença de maçons na Igreja
anuladas pelos poderes concedidos ao rei.
No ano de
1888, a abolição da escravidão promovida pelas mãos da princesa Isabel deu o
último suspiro à Monarquia Brasileira. O latifúndio e a sociedade escravista que
justificavam a presença de um imperador enérgico e autoritário, não faziam mais
sentido às novas feições da sociedade brasileira do século XIX. Os clubes
republicanos já se espalhavam em todo o país e naquela mesma época diversos
boatos davam conta sobre a intenção de Dom Pedro II em reconfigurar os quadros
da Guarda Nacional.
A ameaça
de deposição e mudança dentro do exército serviu de motivação suficiente para
que o Marechal Deodoro da Fonseca agrupasse as tropas do Rio de Janeiro e
invadisse o Ministério da Guerra. Segundo alguns relatos, os militares
pretendiam inicialmente exigir somente a mudança do Ministro da Guerra. No
entanto, a ameaça militar foi suficiente para dissolver o gabinete imperial e
proclamar a República.
O golpe
militar promovido em 15 de novembro de 1889 foi reafirmado com a proclamação
civil de integrantes do Partido Republicano, na Câmara dos Vereadores do Rio de
Janeiro. Ao contrário do que aparentou, a proclamação foi consequência de um
governo que não mais possuía base de sustentação política e não contou com
intensa participação popular. Conforme salientado pelo ministro Aristides Lobo,
a proclamação ocorreu às vistas de um povo que assistiu tudo de
forma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário