“Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo” (BRASIL-DF, 2012, p. 14). Esta competência pode ser dividida em três partes para ser melhor entendida, basta pontuarmos as vírgulas: compreender a proposta de redação, aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento e desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
Compreender a proposta de redação: o candidato deve mostrar, através de seu texto, que compreendeu totalmente a proposta de redação, que entendeu o tema e que, consequentemente, domina os limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo, isto é, que sabe redigir uma dissertação-argumentativa, como já abordamos nas primeiras publicações sobre a redação do ENEM. O candidato que escrever outro tipo textual ou gênero não atenderá à parte desta competência. Para atender totalmente a este critério, a banca elaboradora do ENEM no Guia do Participante – A Redação no ENEM 2012 orienta que os candidatos leiam com atenção a proposta e os textos motivadores, o que é o mínimo esperado. Assim, observa-se a importância crucial de uma leitura atenta e proficiente.
Aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento: pontuando este aspecto, a banca examinadora e elaboradora do ENEM quer dizer que busca textos que mostrem que os seus autores sabem estabelecer relações entre o tema proposto e outras áreas do conhecimento correlacionadas, que consigam expandir seus horizontes e não apenas ficar no senso e no lugar comum. Podemos dar como exemplo o tema da redação do ENEM 2012: Os movimentos imigratórios no Brasil no século XXI. Várias áreas do conhecimento poderiam ser relacionadas ao tema, como a política imigratória, a questão das fronteiras brasileiras, as imigrações anteriores (história do Brasil), economia (porque há imigrantes e o que os atraem para o Brasil), sistema econômico etc.
O importante é mostrar o quanto se está atualizado e inteirado sobre o tema e os textos motivadores servem para inspirar os candidatos e, sobre eles, o Guia do Participante ressalta que deve-se evitar ficar preso ao que eles trazem porque sua função é “despertar uma reflexão sobre o tema” (BRASIL-DF, 2012, p.15) e não para limitar a criatividade do candidato e, assim, estimular o estabelecimento de relações. E, por isso mesmo, a redação não deve conter cópias de trechos dos textos motivadores e, se houve, para efeito da correção, as linhas com cópias não serão consideradas.
Um dos comentários a nós enviado perguntava-nos como adquirir informações confiáveis na internet para se preparar para a redação do ENEM, já que há uma imensa quantidade de conteúdos que nem sempre são corretos. Pensamos que o leitor que nos enviou esta mensagem estava preocupado com esta 2ª competência no que se refere à aplicação de conceitos das várias áreas do conhecimento e, realmente, para atender a este aspecto deste critério, é fundamental possuir um conhecimento de mundo prévio e a internet pode ajudar sim, mas como ela possui uma imensidão de conteúdos, o ideal é buscar sites relevantes, como por exemplo, de jornais e revistas atuantes e de grande circulação nacional, páginas que trazem artigos científicos e acadêmicos (revistas acadêmicas e sites de universidades) e conteúdos de autoria confiável, de autores conhecidos.
Mas aí entra um ponto que é essencial: senso crítico. Ao ler uma notícia ou uma reportagem sobre qualquer assunto, devemos ter senso crítico para concordar, discordar, refutar e interpretar o que está escrito, já que quem escreve sempre tem intenções e uma ideologia. Devemos selecionar, de acordo com a nossa opinião, nossas fontes de informação. Por isso há assinantes de determinadas revistas e de determinados jornais, já que cada um possui seu viés ideológico e por haver mais de um modo de se abordar algo.
Os livros também possuem um papel fundamental na nossa formação: desde os livros didáticos que usamos na escola, passando pela Literatura nacional e estrangeira, eles têm uma enorme importância e todo livro nos passa uma lição, algo de bom que podemos e devemos levar para a vida e usar em situações como uma prova de redação do ENEM.
Para tanto, a redação do ENEM e de qualquer outro vestibular, seja qualquer tipo ou gênero textual pedido, requer que o participante escreva um texto com uma boa relação lógica entre as partes e os parágrafos (paragrafação), criando uma unidade de sentido; com precisão vocabular, já que a escolha lexical é fundamental para os efeitos de sentido; progressão temática que expresse um bom planejamento e, finalmente, uma adequação entre o texto e o mundo real, isto é, a redação necessita ter coerência interna (fazer sentido) e coerência externa, ou seja, ser verossímil, estar de acordo com a realidade, inclusive na proposta de intervenção social (5ª competência, sobre a qual dedicamos uma publicação que foi publicada anteriormente). Esta não pode ser utópica (fantasiosa) e/ou inviável e sim deve ser possível, praticável.
Um texto coerente, como já afirmamos outras vezes, é aquele texto claro, objetivo, que apresenta um encadeamento lógico das ideias e é aí que a paragrafação é um aspecto fundamental. Recebemos um comentário de um leitor com uma dúvida sobre isso, sobre quantos parágrafos deve ter a redação no ENEM. Lembrando que a folha definitiva da prova possui entre 30 e 35 linhas, este é o primeiro limite ao qual devemos nos atentar. A estrutura básica da dissertação-argumentativa, ensinada pela maioria dos professores pede um parágrafo introdutório, de dois a três parágrafos de desenvolvimento com os argumentos embasados nas estratégias argumentativas e um parágrafo final com a conclusão e, no caso do ENEM, com a proposta de intervenção social, mas isso é relativo, depende da condição de autor do candidato.
O importante é saber que para cada tópico frasal é preciso um parágrafo que deve estar ligado ao anterior e ao posterior, ou seja, não se deve fazer “saltos” temáticos, quebras, digressões de um parágrafo para o outro e aí a continuidade se faz presente como um aspecto essencial.
Tudo isso será avaliado em cinco níveis de desempenho que dividem-se entre cinco pontuações, segundo o Guia do Participante do ENEM 2012:
200 pontos: recebe esta pontuação o participante que seleciona, relaciona, organiza e interpreta fatos, opiniões e argumentos de maneira consistente, configurando autoria e que escreve um texto totalmente coerente e coeso.
160 pontos: recebe esta pontuação o candidato que seleciona, relaciona, organiza e interpreta fatos, opiniões e argumentos de maneira consistente, mas que não chega ao ponto da configuração da autoria, pois apresenta argumentos previsíveis, porém que não são cópias dos textos motivadores.
120 pontos: recebe esta pontuação o candidato que apresenta informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes, mas não os organiza de maneira consistente, faltando coesão e, assim, tendo pouca articulação entre os argumentos e as ideias.
80 pontos: o participante apresenta informações, fatos, opiniões e argumentos de maneira não consistente ou contraditória e/ou um texto repetitivo, maçante e que traz dados previsíveis.
40 pontos: o candidato não apresenta um ponto de vista e, consequentemente, não opina e não argumenta sobre o tema proposto pelo ENEM, selecionando fatos, opiniões e argumentos não relacionados a este.
0 ponto: o participante escreve um texto totalmente incoerente, que fugiu ao tema proposto e que não apresenta coesão.
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