sábado, 12 de dezembro de 2020

Transição ou crise na Educação?

 

Vivemos um momento de mudanças. Há quem entenda esse processo do ponto de vista fragmentado, elaborando um estereótipo do momento: a Crise. Por outro lado, há então àqueles que buscam tomá-lo do ponto de vista da complexidade e o assumem como um momento de transição.
Elaboramos uma nova pedagogia: a do diálogo. Estabelecer um diálogo, uma comunidade discursiva de falas é fundamental para a construção desse novo paradigma educacional. A pedagogia do diálogo carrega em sua bagagem a constituição do que é e do como está se realizando essa transição. A principal mudança reside na abordagem dos processos de ensino-aprendizagem.
No Paradigma moderno ou atual, os processos de ensino aprendizagem apontam para uma abordagem de transmissão do conhecimento. Transmitir implica em um receptor. Na escola, professores transmitem e alunos recebem. Assim, acontece uma relação de Sujeito è Objeto, onde o transmissor (Sujeito-Professor) determina o objeto a ser transmitido, bem como o seu significado. Já o Objeto (receptor-aluno) apenas o assume em uma hipótese de acúmulo de conhecimento.
Surgem diversas críticas sobre essa concepção. A maior delas vai ao encontro da Teoria da Ação Comunicativa de Jurgen Habermas. O Filósofo propõe uma guinada histórica nesse processo. Antes de mais nada, Habermas propõe como método a comunidade discursiva de fala, ou seja, é um espaço onde se considera as diferentes opiniões, culturas, entendimentos, etc., e, sob a pretensão de se chegar a um consenso, constrói-se uma nova relação entre os sujeitos. Note, que antes o que apenas ia, agora também retorna. Isso quer dizer, ensinar e aprender é um feed back constante. As trocas são fundamentais. Muito mais que elas, o confronto epistemológico no sentido de, tanto o professor quanto o aluno estarem abertos à discussão. Nesse método há a construção, desde os planos de trabalho interdisciplinares, quanto às metodologias utilizadas. A partir dessa proposta, o aluno não apenas recebe, mas dentro de sua disposição natural e desejo de conhecer, participa efetivamente da construção do professor. Sim! Para muitos um desafio: construção do professor! Vale lembrar que, a visão moderna do ensino assentado sob a premissa da autoridade se desconstrói e, no lugar dessa, nasce um novo papel docente: o neomoderno.
A Pedagogia Neomoderna quer reconstruir a Modernidade, mas de uma forma à repensar quais foram os pontos falhos, não na intenção de corrigi-los, mas de reconfigurá-los. Diante dessa urgência, reconfiguram-se os papéis políticos, pedagógicos e sociais dos professores e alunos.
Pedagogicamente, alteram-se as disposições que dão domínio de classe, ensino, postura profissional por meio da autoridade delegada ao professor. O professor é apenas, como dizia Sócrates, um “parteiro” de ideias. As ideias estão/são produzidas pelo aluno, mas sempre é necessário um “trabalho de parto” para orientar o nascimento das mesmas.
Dessa forma, a Crise, conceito exagerado e extremo, toma a dimensão da transição que, para um sistema que arruína, outro que nasce! Ao novo, delega-se a competência, habilidade, formação continuada e responsabilidade política e social, uma vez que a transição exige amadurecimento e postura profissional.

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