A ética se refere aos princípios e normas enquanto tais e, mais especificamente, à ciência ou à parte da filosofia que estuda esses princípios e normas buscando distinguir entre o bem e o mal; enquanto que a moral corresponde à retidão dos costumes que conduzem as ações consideradas corretas e meritórias no seio de uma determinada comunidade que compartilha um mesmo sistema de valores.
Os valores indicam as expectativas, as aspirações que caracterizam o homem em seu esforço de transcender-se a si mesmo e à sua situação histórica; como tal, marcam aquilo que deve ser em contraposição àquilo que é. A valoração é o próprio esforço do homem em transformar o que é naquilo que deve ser. Essa distância entre o que é e o que deve ser constitui o próprio espaço vital da existência humana; com efeito, a coincidência total entre o ser e o dever ser, bem como a impossibilidade total dessa coincidência, seriam igualmente fatais para o homem. Valores e valoração estão intimamente relacionados: sem valores a valoração seria destituída de sentido; sem a valoração, os valores não existiriam.
Podemos considerar que, sendo a educação a formação do homem, entendida em seu conceito amplo, ela não é outra coisa senão o próprio processo de produção da realidade humana em seu conjunto. De outro lado, considerando-se que a natureza humana não é dada ao homem, mas é por ele produzida sobre a base da natureza biofísica, a educação, em termos estritos, isto é, a educação enquanto atividade intencional consiste no ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. A ética pertence, portanto, ao segundo campo dos valores referidos anteriormente, a saber, o domínio pessoal onde se coloca a questão das relações entre os homens as quais, como foi assinalado, não pode ser do tipo vertical ou de dominação, mas horizontal ou de colaboração.
Ora, o aspecto pessoal da estrutura do homem põe em evidencia que o homem é capaz de dominar a situação, de se afastar ou intervir, de decidir, escolher, arriscar, mas também de assumir as suas escolhas, engajar-se por elas, responsabilizar-se. Vê-se, assim, que o referido aspecto pessoal articula, de forma indissociável, os momentos da liberdade e da responsabilidade, os quais devem ser levados em conta pela educação.
Entretanto, a educação tem tratado o problema em termos divididos; Assim, quando o destaque é no pólo da responsabilidade, isto é, da vontade, tem-se a educação moral que irá enfatizar a força de vontade, o querer é poder, a formação do caráter. E quando for destaque no pólo da liberdade, têm-se a educação liberal que ira enfatizar a autonomia do sujeito, a liberdade de escolha e a franca competição entre os indivíduos. Portanto, que a educação moral deve levar em conta o aspecto pessoal do homem em seus dois momentos pressupondo, em consequência, o elo entre liberdade e responsabilidade. Com efeito, a capacidade de decidir, de optar, de querer ou não querer, de aceitar ou rejeitar, é algo de pessoal e intransferível. E é esse caráter, respaldado na liberdade, que determina a responsabilidade. O sujeito assume as suas decisões, engaja-se por elas, assumindo também as consequências e implicações dessas suas decisões e de seu engajamento.
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