sábado, 22 de outubro de 2016

Redação no ENEM: Perguntas e O Mito da Criatividade

É permitido, no fim da redação, fazer algumas perguntas para que o leitor reflita e a resposta é sim, pode fazer perguntas no fim do texto como reflexão desde que o tema da proposta abra esta possibilidade.
Como as propostas de redação do ENEM são de cunho social, é interessante fazer com que o leitor reflita sobre as suas atitudes em relação ao tema e as perguntas no fim do texto são bons mecanismos para atingirmos este objetivo, mas não coloquem muitas, no máximo duas, no ideal uma, para não virar um verdadeiro questionário.
Muitos alunos questionam se pode haver perguntas no título e no meio da redação e a resposta é sim, desde que elas sejam respondidas ao longo do texto; as únicas perguntas que não precisam ser respondidas são, justamente, as do fim, já que servem de reflexão.
Já a Hemilly – obrigada pela mensagem, Hemilly! – pergunta como prender o leitor e deixar o texto mais interessante. Esta dúvida relaciona-se muito com uma outra questão: a criatividade, a qual é estimulada desde a infância pela família e pela escola, já que esta é importante em todas as etapas de nossas vidas, mas, chegando ao Ensino Médio, parece que ela vai perdendo importância, pois a obrigação de se sair muito bem no vestibular e em exames como o ENEM passa a ser mais importante do que ser criativo; inclusive, muitos professores reclamam que as propostas de redação dos vestibulares não avaliam a criatividade do candidato.
O escrever um texto interessante e criativo é uma questão complexa, já que interesse e criatividade são subjetivos – o que é interessante e criativo para um pode não ser para o outro – e a função de um vestibular e de um ENEM é selecionar candidatos por meio de uma avaliação objetiva e, por isso, em redação e em questões dissertativas há as grades de correção que contém critérios objetivos, como bem coloca o Guia do Participante do ENEM, por exemplo.
Assim sendo, o ENEM ou qualquer outro vestibular não é lugar para o candidato preocupar-se tanto com ser criativo ou interessante, já que trata-se de uma seleção e não de um concurso literário. O candidato deve preocupar-se, apenas, em cumprir a proposta e, dentro deste contexto, dentro do viés temático estabelecido, escrever um texto que cumpra toda a grade e seja interessante o quanto for possível, mas isso não é essencial.
Há quem se preocupe tanto com isso que exagera e, literalmente, viaja e acaba extrapolando o viés temático da proposta e, assim, descumprindo o que se pede. O ideal é não escrever nem mais nem menos, apenas escrever o que foi pedido e como foi pedido, sem exagero ou escassez, ou seja, na medida certa.
Redações com notas acima da média nem sempre são as mais interessantes ou as mais criativas, mas certamente são aquelas que cumprem totalmente a proposta, isto é, cumprem todos os critérios; são aqueles textos que não deixam o corretor em dúvida e estão prontos, sem tirar nem pôr, pois são autônomos. O interessante dos textos acima da média é como eles cumprem a proposta e a criatividade pode estar em alguns detalhes, mas não é algo fundamental.
Quem deve preocupar-se em prender o leitor é um cronista, um articulista, um autor de romances, por exemplo, e não um candidato ao ENEM ou a qualquer outra prova, já que o objetivo não é esse.
Assim sendo, não há a necessidade de preocupar-se tanto em escrever uma redação interessante e criativa. Cumprindo o tema, o tipo textual e o viés temático da proposta de redação do ENEM e de qualquer outro exame, escrevendo adequadamente, as chances de tirar uma boa nota são altas. 

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