Uma prova de produção textual é mais fácil do que pensamos. Uma prova de redação é uma prova de leitura e escrita, já que o candidato deve ler de maneira proficiente a proposta de redação (enunciado e coletânea de textos motivadores) a fim de compreendê-la adequadamente para, assim, escrever a dissertação-argumentativa, no caso do ENEM. Portanto, a primeira habilidade requisitada é a leitura proficiente, ou seja, uma leitura competente e proveitosa da proposta, na qual o leitor compreenda o seu viés temático e, a partir daí, comece a planejar o seu texto.
O primeiro passo para obter um bom desempenho na redação do ENEM, e de qualquer outro exame, é atender a proposta, é fazer o que está sendo pedido e, portanto, atender e, melhor, superar as expectativas da banca. Isso começa com a leitura proficiente da proposta de redação. O candidato que cumpre os objetivos da prova, consequentemente escreverá um texto que cumprirá este papel: um texto coeso e coerente, com fluidez, com progressão temática e que atende à proposta de redação que, especificamente no ENEM, possui a essência de sua grade de correção amplamente divulgada, sobre a qual já escrevemos várias vezes, e que nos mostra o que as bancas elaboradora e corretora esperam de um texto.
Pensamos ser esta uma das principais habilidades que deve ser focada para se obter um bom desempenho em uma prova de redação: compreensão da proposta para o cumprimento total da mesma.
A segunda habilidade mais requisitada é a de redigir um texto do tipo textual pedido (no caso do ENEM, uma dissertação-argumentativa), pois o candidato que foge do tipo textual tem sua redação zerada e, assim, anulada. Já a terceira habilidade que deve ser focada é a de usar a linguagem formal escrita da Língua Portuguesa, pois esta é a variedade pedida no exame.
Assim sendo, não existe, apenas, uma habilidade específica que deve ser mais desenvolvida e, sim, um leque de habilidades que devem ser desenvolvidas ao longo de nossas vidas, desde a infância, com o estímulo familiar, passando pela educação infantil, indo para os níveis fundamental e médio, chegando ao universitário e ao trabalho. Ou seja, nunca paramos de desenvolver estas habilidades, pois em cada momento da vida social e profissional, precisamos desenvolver diferentes nuances delas de acordo com nosso contexto e com as nossas necessidades.
Partiremos, agora, para o assunto mais debatido da semana passada: a ação dos chamados “justiceiros” pelo Brasil. Para quem não sabe do que estamos falando (o que não pode acontecer, já que trata-se de um tema atual e polêmico), trata-se de grupos de pessoas que afirmam fazer o papel da polícia e, assim, patrulham as ruas e “cuidam” de suspeitos de crimes por meio de agressões. Interessante eles falarem que, este, seria o papel da polícia…
O assunto ganhou mais visibilidade na terça-feira passada, 04/02, quando uma âncora de um jornal de uma emissora aberta brasileira, em seu comentário (que, aliás, afirma ser um comentário pessoal e não um editorial, uma boa discussão sobre gêneros), diz ser compreensível tal atitude – referindo-se ao caso de um adolescente, vítima de um grupo de “justiceiros” no Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro do Flamengo, que foi agredido e preso a um poste, nu, com cordas e com uma trava de bicicleta no pescoço – visto que o Brasil é um país muito violento, no qual a polícia está desmoralizada e a população desarmada.
A partir daí, a polêmica instaurou-se. De um lado, pessoas que concordam com a jornalista; do outro, pessoas que discordam e pensam que ela fez apologia ao crime e à violência. Os a favor, usam os mesmos argumentos que a âncora usou em seu comentário, afirmando que os que têm dó, que levem um bandido para a casa. Os contra, remetem tal acontecimento à escravidão, quando havia paus de arara nas ruas de todo o Brasil para que escravos fossem punidos e servisse de exemplos para os outros.
O debate é importante por ser de cunho social e, para quem prestará o ENEM 2014, para analisar os argumentos e as relações estabelecidas por ambos os lados (desarmamento, violência, papel da polícia, do governo e dos cidadãos, escravidão, direitos humanos etc), como já sugerimos quando o assunto era os “rolezinhos”. A reflexão suscitada é fundamental e deve ser realizada.
Falando em direitos humanos, é essencial relembrar e enfatizar que a quinta competência da grade de correção do ENEM, que diz respeito à proposta de intervenção social exigida, é muito clara ao afirmar que os textos que apresentam propostas de intervenção social que firam os direitos humanos receberão nota zero nesta competência e serão anulados. Assim, pensando no exame, mais especificamente, a afirmação de que esta atitude é compreensível tem, em seu cerne, uma concordância com esta atitude violenta e, sim, fere os direitos humanos, independente de suas intenções parecerem justas e, portanto, uma redação com esta tipo de afirmação seria anulada pela banca corretora do ENEM.
Textos com afirmações preconceituosas e violentas sempre serão tratados desta maneira, pois os direitos humanos incidem sobre todos os seres humanos e, nestes casos, deve-se objetivar a regeneração do ser humano. Devemos caminhar, por meio da educação e de políticas públicas, para um país, para um mundo justo, sem preconceitos e sem violência.
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