É o movimento: lembrar faz existir,
desacomoda. Lembrar dói, faz pensar novamente. Lembrar do problema é buscar
soluções para o problema. Lembrar da crise é buscar alternativas para a
mesma.
Uma coisa é certa: a crise que estamos
vivendo não apenas representa o abismo que existe entre pobres e ricos, mas
entre governos e povo. Se de fato a ganância econômica é avassaladora em todos
os seus sentidos, a corrupção política é a ferida aberta que não quer sarar.
Ainda, não bastasse a espoliação duradoura da escravidão servil do trabalhador
em relação ao trabalho explorado, ainda nos resta conviver com a servidão
ideológica governamental. É inaceitável a proposição de governos que trabalham
pensando em diminuir dívidas sem pensar em aumentar investimentos. Para esses,
só resta a crise, o fim, o desespero para lugar algum.
De outro modo, onde há crise, há
oportunidades. É nos momentos de conflitos econômicos, políticos e sociais que
encontramos as melhores mudanças e, geralmente, criativas. É o movimento
filosófico da linguagem criativa: não é da necessidade que surge a oportunidade,
mas da solução necessária da necessidade.
E agora é o momento: a crise está semeada,
resta perceber a oportunidade!
Se o momento é de mudança, a oportunidade é
mudar! Basta perceber que a mudança está na ampliação do trabalho criativo,
livre, sem mordaças culturais, preconceitos e cartesianismos.
Quanto as oportunidades de governo, as
políticas de Estado precisam ampliar e fortalecer a classe média, empoderando
àqueles que ainda não tem poder de compra. Como fazer isso? Ampliar a oferta de
emprego, criando a necessidade de consumir sustentavelmente iniciativas
criativas, saudáveis, desejáveis à todas as classes sociais. E os que estão
excessivamente ricos? Estes precisam compreender que a ganância tem limite e
que, o limite da riqueza e do poder se dá no distanciamento atual entre pobres e
ricos. Um dia a miséria cansa e a riqueza chegará ao seu fim. Então, a solução
está em criar oportunidades de investimentos democráticos, compartilhados,
oferecendo soluções para todos, independente da classe social à que
pertençam.
Assim, semear crise representa sim, colher
oportunidades. A distância oferece o limite, enquanto a proximidade oferece a
troca. É na troca entre pobres e ricos que se constitui a classe protagonista da
mudança: a classe média. Quem sabe, o empoderamento desta não represente o fim
da pobreza? Quem sabe, a percepção de que o fetiche pela riqueza seja apenas o
início da decadência burguesa? Enfim...
Portanto, é hora de semear crises…não
perpétuas, nem duradouras, mas transitórias; para que possamos compreender que
entre o plantio e a colheita existe o período de maturação da semente. É hora de
semear crises para colher oportunidades!
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