Em tempos bicudos como o nosso, a palavra que parece mais ser ouvida em todos os recantos de nossas vivendas é “Crise”. Não é só uma palavra, é um conceito, contexto ou ainda, uma representação de muitas perguntas sem respostas. Mas todo dia, ela se repete, não apenas no conceitual e, oxalá o fosse; mas também no vivencial. O que muitas pessoas não gostam, é lembrar que ela existe. Lembrar significar trazer de volta à vida, existir de novo.
É o movimento: lembrar faz existir, desacomoda. Lembrar dói, faz pensar novamente. Lembrar do problema é buscar soluções para o problema. Lembrar da crise é buscar alternativas para a mesma.
Uma coisa é certa: a crise que estamos vivendo não apenas representa o abismo que existe entre pobres e ricos, mas entre governos e povo. Se de fato a ganância econômica é avassaladora em todos os seus sentidos, a corrupção política é a ferida aberta que não quer sarar. Ainda, não bastasse a espoliação duradoura da escravidão servil do trabalhador em relação ao trabalho explorado, ainda nos resta conviver com a servidão ideológica governamental. É inaceitável a proposição de governos que trabalham pensando em diminuir dívidas sem pensar em aumentar investimentos. Para esses, só resta a crise, o fim, o desespero para lugar algum.
De outro modo, onde há crise, há oportunidades. É nos momentos de conflitos econômicos, políticos e sociais que encontramos as melhores mudanças e, geralmente, criativas. É o movimento filosófico da linguagem criativa: não é da necessidade que surge a oportunidade, mas da solução necessária da necessidade.
E agora é o momento: a crise está semeada, resta perceber a oportunidade!
Se o momento é de mudança, a oportunidade é mudar! Basta perceber que a mudança está na ampliação do trabalho criativo, livre, sem mordaças culturais, preconceitos e cartesianismos.
Quanto as oportunidades de governo, as políticas de Estado precisam ampliar e fortalecer a classe média, empoderando àqueles que ainda não tem poder de compra. Como fazer isso? Ampliar a oferta de emprego, criando a necessidade de consumir sustentavelmente iniciativas criativas, saudáveis, desejáveis à todas as classes sociais. E os que estão excessivamente ricos? Estes precisam compreender que a ganância tem limite e que, o limite da riqueza e do poder se dá no distanciamento atual entre pobres e ricos. Um dia a miséria cansa e a riqueza chegará ao seu fim. Então, a solução está em criar oportunidades de investimentos democráticos, compartilhados, oferecendo soluções para todos, independente da classe social à que pertençam.
Assim, semear crise representa sim, colher oportunidades. A distância oferece o limite, enquanto a proximidade oferece a troca. É na troca entre pobres e ricos que se constitui a classe protagonista da mudança: a classe média. Quem sabe, o empoderamento desta não represente o fim da pobreza? Quem sabe, a percepção de que o fetiche pela riqueza seja apenas o início da decadência burguesa? Enfim...
Portanto, é hora de semear crises… não perpétuas, nem duradouras, mas transitórias; para que possamos compreender que entre o plantio e a colheita existe o período de maturação da semente. É hora de semear crises para colher oportunidades!
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