De onde
nasce a autoridade para aprovar ou reprovar uma ação? Na antiguidade, a
autoridade estava inscrita na legitimidade do poder religioso. Em função dos
agrupamentos sociais, os pais por serem considerados mais velhos tinham a
função de reprovar. Nas primeiras escolas, onde havia mais preocupação com as
normas disciplinares do que propriamente com o aprendizado de conteúdos, a
reprovação estava ligada à um comportamento não desejado pelo grupo. Assim,
podemos dizer que a autoridade da reprovação ou aprovação de determinado
comportamento sempre é um desejo da coletividade transferida à um responsável
pela sua execução. No fundo, estão presentes os comportamentos morais e as
atitudes ligadas ao campo da ética.
Uma
questão que comporta nosso consenso é que, sem as normas morais a vida em
qualquer instituição social se torna insustentável. As normas morais são
construções que, muitas vezes por meio da tradição e costumes de determinado
povo são consideradas louváveis. No entanto, o que precisa ser avaliado é que,
por serem históricas, as normas morais também são resultado do tempo, ou seja,
cada momento histórico carrega em si a necessidade de uma moral adaptada à sua
construção. Assim, podemos dizer que, pelos tempos históricos serem
transitórios em seus significados, também as normas morais podem ser
transitórias, o que dá à aprovação ou reprovação um caráter de mobilidade.
É
também inegável que a postura ética carrega em si um confronto com a moral
quando se trata do aspecto reprovação ou aprovação. Esse embate se sustenta
quando, de um lado, o sujeito mantém uma postura ética (sempre particular)
adequada ao tempo histórico que, como vimos é transitório e, de outro lado, as
instituições sociais (Família, Escola, Igreja, etc) preservam uma moral
embasada nos costumes e hábitos. No entanto, a postura ética é reprovada, pois
a moral é uma construção coletiva! Há quem produza a partir disso um dizer: “fulano
pensa muito à frente de seu tempo!”.
Deveras,
desse raciocínio podemos concluir de que, ao passo que uma instituição social
ainda resiste em relação à mudança, estará reprovando comportamentos que
poderão ser indícios do momento atual e que, por alguma circunstância ou
ideologia a instituição ainda não se posicionou perante este novo caráter
histórico.
Mas,
não é no desprezo à moral institucional que se constrói sujeitos éticos. Também
não é na aprovação de comportamentos amorais que vamos construir uma sociedade
mais livre e digna. Parece que a reflexão nos provoca a pensar em alguns
valores que são universais, ou seja, valores que aprovam comportamentos éticos
novos em função de uma nova moral, mas que não abandona ou desconsidera as
bases da história como espaços de construção e reflexão de valores anteriores
aos atuais.
Assim,
é na sucessão do passado, na vivência do presente e na construção do futuro,
que vamos conseguir um equilíbrio entre o aprovar e o reprovar, sem o apelo ao
extremo de uma moral ditatorial, sem também afirmar comportamentos extremamente
individualistas e sem noção da vida social e coletiva.
_Por Rudinei Augusti_
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